quinta-feira, 8 de julho de 2010

Uhuru!

E quando eles foram libertados do forte de escravos Moloiko eles não os disseram para onde ir, eles não apontaram mais direções a seguir. Seguindo seus pés eles caminhavam pela primeira vez, num caminho de escolhas, de certa forma era assustador a tão nova sensação que estava adormecida, a liberdade.

Espíritos renascendo como ramos de esperança se agarrando ao desconhecido mundo a sua volta, despertara algo novo em seus corações, o senso de justiça naquele breve instante havia se equilibrado, num bater de asas a vida os comoveu.

Em reverência a pura mãe seus filhos dançaram em volta do fogo e cantaram ladainhas de gratidão, tambores e cantos de filhos e filhas, irmãs e irmãos. Ouviam-se ao fundo mulheres contentes, a dor lapidou um povo que agora chorava pela primeira vez sorrindo.

Naquela noite só havia vida circulando entre eles.

Quando as correntes ficaram mudas a sensação de vazio dissolveu, no peito o cerrado se alagou e agora havia sonhos, de tudo que acabaram de ganhar nada os valeu mais do que sonhos.

Em seus rostos histórias, marcas e arranhões, expressões impressas em homens de barro. Os pés descalços levantaram a terra do chão onde Zumbies e Marinhás gingavam, dançavam, jogavam, ao som de tambores o batuque se harmonizava com a natureza.

Ao amanhecer alguém molhou os pés no mar e virou vento!

Nenhum comentário:

Postar um comentário